quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Lágrima de preta


Encontrei uma preta

que estava a chorar

pedi-lhe uma lágrima para analisar.




Recolhi a lágrima
com todo o cuidado

num tubo de ensaio

bem esterilizado.





Olhei-a de um lado,

do outro e de frente:

tinha um ar de gota

muito transparente.





Mandei vir os ácidos,

as bases e os sais,

as drogas usadas

em casos que tais.




Ensaiei a frio,

experimentei ao lume,

de todas as vezes

deu-me o que é costume:


nem sinais de negro

nem vestígios de ódio,

água (quase tudo)

e cloreto de sódio.

António Gedeão

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