segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O Codex 632 - José Rodrigues dos Santos

"Tomás apercebeu-se de uma folha solta, duas linhas firmes, três palavras redigidas com inusitado cuidado, as letras rabiscadas em maiúsculas que pareciam rasgar o papel, a caligrafia revelando contornos obscuros, insinuantes, como se encerrasse uma arcaica fórmula mágica, criada por antigos druidas e esquecida na névoa dos séculos. Quase irreflctidamente, sem saber bem porquê, como se obedecesse a um velho instinto de historiador, aquele sexto sentido de rato de biblioteca habituado ao mofo poeirento dos velhos manuscritos, inclinou-se sobre a folha e cheirou-a; sentiu emergir dali um odor arcano, um aroma secreto, uma fragrância transportada por um mensageiro do tempo. Como um encantamento esotérico, que nada revela e tudo sugere, aquelas palavras indecifráveis exalavam o enigmático perfume do mistério."
MOLOC
NINUNDIA OMASTOOS

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